Os Guardiões do Cemitério

Era uma vez um grupo de quatro amigos curiosos: o Tomás, a Inês, o Rui e a pequena Sofia. Eles adoravam resolver mistérios e inventar novas aventuras. Uma noite, decidiram aceitar um desafio muito corajoso: passar a noite no cemitério mais antigo da cidade, conhecido por ser um lugar assombrado. Diziam que lá vivia um espantalho maligno, que ganhava vida e assustava quem se aproximasse. Mas os amigos não acreditavam em lendas e levaram consigo apenas lanternas de abóbora e... um bocadinho de coragem.

Quando chegaram ao portão enferrujado do cemitério, a lua cheia iluminava as lápides antigas, e uma neblina espessa cobria o chão. As abóboras das suas lanternas brilhavam, fazendo sombras engraçadas que pareciam dançar à sua volta.

“Onde está o espantalho?” — perguntou a Inês, espreitando entre as árvores.

“Vamos explorar!” — disse o Tomás, empurrando o portão que rangeu alto, como se alguém estivesse a abrir uma porta há muito tempo fechada.

Com passos silenciosos, os amigos caminharam pelo cemitério, segurando bem as suas lanternas de abóbora. Mas, de repente, ouviram um chiado suave vindo de uma colina coberta de neblina.

“Que barulho é esse?” — sussurrou a Sofia, abraçando o seu ursinho de peluche.

“O espantalho?” — murmurou o Rui, um pouco nervoso.

E então, lá estava ele: um espantalho alto, com um chapéu torto e uma cara de abóbora que brilhava no escuro. Tinha olhos esculpidos e uma boca que parecia estar a sorrir... mas de uma maneira esquisita. No entanto, em vez de se mover de forma assustadora, o espantalho estava... a dançar?

“Bem-vindos, pequenos corajosos!” — disse ele, com uma voz profunda mas amigável. “Sou o Gregório, o Guardião do Cemitério. E vocês não deviam estar aqui a esta hora.”

Os amigos ficaram boquiabertos. “Tu... tu falas?” — exclamou a Inês, a tentar esconder o medo.

“Claro que falo!” — respondeu o Gregório, rindo. “Mas não sou maligno. Estou aqui para proteger este lugar de verdadeiros perigos, como os... zombies!”

“Zombies?” — repetiu o Rui, engolindo em seco.

“Sim, sim!” — confirmou o espantalho. “Eles tentam entrar no cemitério todas as noites para fazer travessuras. E eu tenho de os manter longe! Mas, há muito tempo, uma velha bruxa lançou uma maldição sobre mim e transformou-me num espantalho, para que nunca pudesse sair daqui.”

“Isso é terrível!” — disse a Sofia, já sem medo. “Como podemos ajudar-te?”

Gregório suspirou, levantando os braços de palha. “A única forma de quebrar a maldição é encontrar a varinha mágica da bruxa, que está escondida dentro de um gato preto. Mas esse gato desapareceu na neblina há anos.”

“Então, só temos de encontrar o gato!” — exclamou o Tomás, determinado.

“Mas... onde é que ele está?” — perguntou a Inês, olhando à volta.

“Está perdido algures no meio desta neblina encantada, que nunca desaparece”, disse Gregório, apontando para um caminho coberto de névoa.

Sem hesitar, os amigos decidiram ajudar. Caminharam pelo cemitério, acendendo as lanternas de abóbora para iluminar a escuridão. Depois de muito procurar, ouviram um miado suave atrás de uma lápide. A luz das lanternas revelou um pequeno gato preto, com olhos amarelos brilhantes.

“Ali está ele!” — gritou o Rui, baixinho para não assustar o gato. “Mas... como tiramos a varinha de dentro dele?”

Antes que pudessem pensar em alguma coisa, o gato deu um salto e... transformou-se numa velhinha simpática, com um chapéu pontudo e um sorriso gentil.

“Ah, finalmente! Estava à espera de alguém corajoso o suficiente para encontrar-me!” — disse a velha bruxa, agitando as mãos no ar. Num piscar de olhos, a sua varinha mágica apareceu a flutuar.

“Quem és tu?” — perguntou a Sofia, maravilhada.

“Sou a bruxa Griselda”, respondeu a velhinha. “Era eu quem protegia este cemitério antes de o Gregório chegar. Mas, há muitos anos, fui traída por zombies travessos e transformada num gato. Só um grupo de amigos verdadeiros podia libertar-me, e agora vocês conseguiram!”

Com um gesto rápido, Griselda apontou a varinha para Gregório. Um brilho dourado envolveu o espantalho e, num instante, ele deixou de ser feito de palha e transformou-se num simpático homem de fato e gravata. Era alto e tinha um grande bigode encaracolado.

“Obrigado, obrigado!” — exclamou ele, girando sobre si mesmo. “Estou livre!”

Os amigos sorriram, felizes por terem ajudado. “Fico tão contente por teres voltado ao normal, Gregório!” — disse a Sofia.

“Mas... e os zombies?” — perguntou o Rui, de repente a lembrar-se.

“Ah, isso é fácil”, respondeu a Griselda, piscando o olho. Com um estalar de dedos, a neblina desapareceu e os zombies que estavam a espreitar pelas árvores fugiram a sete pés!

“Vão, vão! Agora este cemitério está bem protegido!” — gritou a bruxa, rindo-se. “E, para vocês, amigos corajosos, um presente.”

Ela estalou os dedos mais uma vez, e as lanternas de abóbora dos amigos transformaram-se em pequenas estrelas brilhantes.

“Estas estrelas irão guiar-vos sempre que precisarem de coragem”, disse ela.

Com um último aceno, a bruxa e o Gregório desapareceram entre as lápides, deixando os amigos sozinhos... mas com o coração cheio de alegria e uma nova história para contar.

Lição: A amizade e a coragem ajudam-nos a enfrentar qualquer desafio, e muitas vezes, aquilo que parece assustador pode ser apenas alguém a precisar de ajuda!

Vê o vídeo ABRACADABRA ➡️ https://youtu.be/afRO7M-fn30

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