Nico, o Esqueleto Corajoso e a Lanterna Perdida
Era uma vez uma pequena aldeia chamada Vila das Luzes, onde todos os anos, na noite de Halloween, uma grande lanterna de abóbora brilhava no topo da colina. Esta lanterna especial não era uma lanterna qualquer! Era mágica e protegia a aldeia dos espíritos malignos que gostavam de pregar partidas e assustar as pessoas.
O responsável por acender a lanterna era o Guardião da Lanterna, um velhinho simpático chamado Sr. Abóbora, que usava um chapéu enorme e um casaco cheio de remendos. Mas naquele Halloween, algo muito estranho aconteceu… A lanterna não se acendeu!
Os aldeões olharam uns para os outros, preocupados.
— “Onde está o Sr. Abóbora?” — perguntavam todos.
A lanterna estava apagada e a aldeia começou a ficar escura e assustadora. Sem a sua luz, os espíritos malignos iam ficar à solta!
O Rapaz Destemido
No meio da multidão, havia um rapazinho chamado Nico, que adorava o Halloween. Naquela noite, ele estava vestido com uma fantasia de esqueleto muito engraçada e tinha pintado a cara de branco, com grandes círculos pretos à volta dos olhos.
— “Eu vou procurar o Sr. Abóbora!” — anunciou Nico, levantando a mão no ar.
Os adultos olhavam para ele, espantados.
— “Mas, Nico, é muito perigoso! E se os espíritos te apanharem?”
Nico respirou fundo, sentiu um friozinho na barriga, mas disse com firmeza:
— “Não podemos deixar a vila sem a proteção da lanterna! Eu vou!”
Pegou na sua lanterna pequenina e partiu colina acima, decidido a encontrar o guardião desaparecido.
O Cemitério dos Fantasmas
Quando chegou ao cemitério, a primeira paragem no seu caminho, tudo estava coberto de neblina. Nico sentiu os pelos da nuca arrepiarem-se. Mas tinha de continuar! De repente, viu algo a mexer-se no ar… eram fantasmas!
— “Uuuuh, quem se atreve a atravessar o nosso cemitério?” — gemeram os fantasmas.
Nico tremeu um pouco, mas não desistiu.
— “Sou eu, o Nico! Preciso de encontrar o Sr. Abóbora para acender a lanterna que protege a aldeia!”
Os fantasmas olharam uns para os outros e, para surpresa de Nico, começaram a rir-se.
— “Acha que pode passar por aqui sem dançar a nossa Dança Fantasmal?”
Nico engoliu em seco. Dançar? Ele era péssimo a dançar! Mas os fantasmas começaram a saltar e a girar no ar, fazendo caretas divertidas. Nico riu-se e decidiu juntar-se a eles, mexendo-se desajeitadamente e tropeçando nas suas próprias pernas. Os fantasmas riram-se ainda mais.
— “Boa tentativa, pequeno esqueleto! Podes passar. És corajoso e não tiveste medo de rir de ti mesmo!”
O Espantalho da Entrada Proibida
Nico continuou a caminhada até ao portão que dava acesso à Colina das Trevas, onde se dizia que uma bruxa malvada morava. Quando chegou, viu um espantalho enorme de palha, com olhos de botões e braços de madeira.
— “Ninguém passa por aqui sem resolver o meu enigma!” — anunciou o espantalho, numa voz rouca.
Nico deu um passo à frente, determinado.
— “Estou pronto! Qual é o teu enigma?”
O espantalho olhou para ele e disse:
— “O que é que tem olhos, mas não vê, e vive no campo a espantar quem quer aparecer?”
Nico pensou, pensou… e de repente sorriu.
— “És tu, um espantalho!”
O espantalho ficou imóvel por um momento e depois… começou a aplaudir!
— “Boa, pequenino! Resolveste o enigma. Podes passar!”
E o portão rangeu ao abrir-se, deixando Nico entrar na Colina das Trevas.
O Covil da Bruxa
No cimo da colina, o vento assobiava e as árvores pareciam braços assustadores a mexer-se na escuridão. Mas Nico não parou. Ao longe, viu uma pequena cabana, com uma luzinha a brilhar pela janela. Aproximou-se e, quando espreitou lá para dentro… viu o Sr. Abóbora preso numa gaiola, e a bruxa a mexer num caldeirão.
— “Ah! Quem vem aí?” — gritou a bruxa, apontando a varinha para Nico.
O rapaz respirou fundo, cheio de coragem.
— “Sou eu, o Nico, e vim buscar o Sr. Abóbora!”
A bruxa soltou uma gargalhada.
— “Ahahah! Achas que vou deixar? Só se resolveres este desafio: tens de me dizer algo positivo sobre mim, mesmo sendo uma bruxa malvada!”
Nico ficou confuso. Algo positivo? Olhou para a bruxa, com o seu chapéu torto e o nariz comprido. Mas depois reparou numa coisa:
— “Acho que… tens um sorriso bonito, mesmo quando tentas ser assustadora.”
A bruxa parou, surpreendida.
— “Um sorriso? Achas mesmo?”
— “Sim, e acho que no fundo, talvez nem sejas assim tão malvada. Se calhar só precisas de um amigo…” — disse Nico, com um sorriso amigável.
A bruxa ficou a olhar para ele, sem saber o que dizer. E depois, lentamente, os seus olhos encheram-se de lágrimas.
— “Ninguém nunca disse algo assim para mim…”
E, para grande surpresa de Nico, a bruxa abriu a gaiola e libertou o Sr. Abóbora!
— “Pronto, leva-o de volta para a tua aldeia. E… obrigada pelo que disseste, pequeno esqueleto.”
A Lanterna Brilhante
O Sr. Abóbora e Nico desceram a colina a correr e, juntos, acenderam a grande lanterna de abóbora. A luz brilhou forte e iluminou toda a vila, afastando os espíritos malignos.
— “Nico, tu salvaste-nos!” — disseram os aldeões, aplaudindo.
O Sr. Abóbora sorriu.
— “Este pequeno esqueleto não só teve coragem, como também mostrou que às vezes uma palavra simpática pode mudar tudo.”
Nico ficou vermelho de orgulho e, naquela noite, enquanto a lanterna brilhava, todos aprenderam que a coragem verdadeira não é só enfrentar monstros… é também encontrar bondade onde menos esperamos.
FIM! 🎃🌟