A Maldição dos Monstros e a Pequena Bruxa que Não Gostava de Assustar
Era uma vez uma pequena vila chamada Vila Assombrosa, onde todos os anos, na noite de Halloween, acontecia algo muito estranho… assim que a lua cheia aparecia no céu, todos os habitantes se transformavam em monstros assustadores! Havia vampiros com dentes afiados, zumbis desengonçados, fantasmas a flutuar e bruxas com chapéus pontudos e varinhas a brilhar.
Mas o mais engraçado era que, por dentro, continuavam a ser as mesmas pessoas de sempre! A Dona Clara, a velhinha que fazia bolinhos, transformava-se numa bruxa que adorava dançar. O padeiro transformava-se num vampiro que, em vez de morder pescoços, só queria pão de alho! E o professor da escola, coitado, virava um zumbi que se esquecia de tudo e andava sempre a tropeçar.
Na manhã seguinte, com os primeiros raios de sol, todos voltavam ao normal e passavam o resto do ano a rir-se das suas aventuras monstruosas. Mas este ano, havia alguém que não achava graça a esta maldição…
A Pequena Aprendiz de Magia
Mariana, uma jovem aprendiz de magia, decidiu que estava na altura de quebrar este feitiço! Ela não queria passar mais um Halloween a flutuar como um fantasma sem conseguir comer os doces deliciosos da festa.
— “Este ano, vou resolver isto de uma vez por todas!” — disse ela, decidida.
Mariana pegou na sua varinha, vestiu a sua capa mais brilhante e partiu em direção à Casa Assombrada, um lugar cheio de teias de aranha, portas que rangiam e sombras que pareciam mexer-se sozinhas.
— “Não podes fazer isto sozinha!” — ouviu uma voz atrás dela.
Mariana olhou e viu… um gato preto com grandes olhos amarelos e um ar muito convencido.
— “Quem és tu?” — perguntou, surpresa.
— “Sou o Tiago, o gato falante, claro! E sei tudo sobre esta maldição. Se queres quebrá-la, precisas de resolver um enigma muito difícil e encontrar o caldeirão escondido onde a poção original foi preparada.”
Mariana sorriu. Um gato que falava? Que aventura divertida! Com Tiago a seu lado, entrou na Casa Assombrada.
O Enigma Misterioso
Dentro da casa, o vento soprava e as cortinas balançavam sozinhas. De repente, uma voz ecoou pela sala:
— “Quem ousa entrar na Casa Assombrada? Se queres quebrar a maldição, terás de resolver o meu enigma! Aqui vai:
‘O que tem olhos, mas não vê, Tem um chapéu mas não o põe na cabeça, E fica no campo a assustar quem aparecer?’
Mariana olhou para o Tiago, confusa. Mas o gato só abanou a cauda e piscou-lhe o olho. Ela pensou, pensou e depois sorriu.
— “Já sei! É um espantalho!”
— “Muito bem, pequena bruxa!” — disse a voz, e um estalar de dedos fez aparecer um pequeno mapa no chão. — “Segue este mapa e encontrarás o caldeirão.”
À Procura do Caldeirão
Mariana e Tiago seguiram o mapa, que os levou a um sótão poeirento, cheio de caixas velhas e livros de feitiços. No fundo, escondido atrás de um velho espelho, encontraram o caldeirão, cheio de um líquido borbulhante e com um cheiro a abóbora podre.
— “E agora, o que fazemos?” — perguntou Mariana.
Tiago, com o nariz a torcer por causa do cheiro, respondeu:
— “Só precisas de dizer as palavras certas para quebrar o feitiço. Mas tens de dizer algo especial, algo que venha do coração…”
Mariana pensou nos seus amigos e na sua família. Sim, eles riam-se depois de cada Halloween, mas ela sabia que ninguém gostava verdadeiramente de ser transformado em monstros, mesmo que fosse só por uma noite.
Então, levantou a varinha, fechou os olhos e disse:
— “Que o riso volte a brilhar, que os monstros possam descansar, e que o amor pela nossa vila faça a magia quebrar!”
O caldeirão começou a brilhar e a borbulhar ainda mais! Uma nuvem de fumo colorido subiu pelo ar e espalhou-se pela casa. Mariana e Tiago taparam os olhos, e quando a nuvem desapareceu… o caldeirão estava vazio.
— “Será que funcionou?” — perguntou Mariana, nervosa.
O Grande Final
Quando saíram da Casa Assombrada e voltaram à vila, a noite já ia avançada. As pessoas estavam a transformar-se, como sempre… mas algo era diferente. As bruxas não voavam descontroladas, os vampiros não corriam a esconder-se e os zumbis não tropeçavam tanto!
Dona Clara, a velhinha, olhou para Mariana e disse:
— “Mariana, eu sinto-me… eu sinto-me… normal! Continuo uma bruxa, mas consigo pensar como Dona Clara!”
Todos os habitantes começaram a aplaudir. A maldição tinha sido quebrada! Agora, podiam aproveitar a noite de Halloween como quisessem, sem serem forçados a fazer travessuras e assustar os outros. Podiam escolher se queriam ser monstros ou só vestir as suas fantasias e divertir-se!
Mariana sorriu, orgulhosa. Com um simples feitiço do coração, tinha libertado a sua vila. E o Tiago, o gato preto falante, ronronava de satisfação.
— “Sabes, Mariana, sempre soube que conseguias. És uma bruxa muito especial.”
E assim, naquela noite de Halloween, Vila Assombrosa deixou de ser assombrada. Transformou-se na Vila da Diversão, onde todos se podiam mascarar, brincar e comer muitos doces, mas sempre por escolha própria.
Porque às vezes, a magia mais forte é aquela que vem do coração e da coragem de querer fazer o bem.
FIM! 🎃✨